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Arquitetos: Verum Atelier
- Área: 65 m²
- Ano: 2019
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Fotografias:Nuno Almendra
Descrição enviada pela equipe de projeto. O projeto da Artur Lamas envolveu a reabilitação de um apartamento com cerca de 65m² localizado num bairro histórico de Lisboa, Belém. O objetivo seria tornar o espaço existente, escuro e fechado, num espaço apelativo e que possibilitasse a sua rentabilidade através do arrendamento a curto prazo. As soluções apresentadas nesta reabilitação são fruto de análise do edifício e das suas características, bem como da possibilidade de tirar partido do pátio a nascente. Outro fator preponderante foi a exigência em tornar o espaço mais salubre, oferecendo todas as qualidades habitacionais, a par de refazer todas as infraestruturas existentes dado o avançado estado de degradação do apartamento. Primeiramente, houve a necessidade de reforçar e requalificar a estrutura existente da cobertura, possibilitando desta forma o aumento do pé direito e consequentemente o rasgar de vãos para a entrada de luz natural e circulação de ar.
Havendo apenas luz natural a nascente, e tratando-se de um espaço bastante esguio, procurou-se que o mesmo fosse o mais aberto possível, havendo apenas divisórias em espaços que necessitam de privacidade. Desta forma, a luz natural varre quase na totalidade o espaço, aumentando assim a qualidade espacial e a vivência do apartamento. Os vãos foram todos repensados e a uma escala bastante generosa, deixando o sol entrar mas criando também vários jogos de sombras resultantes da incidência da luz no paisagismo exterior.
O piso de microcimento confere uma homogeneidade espacial, enquanto a linha sinuosa que divide o programa serve de guia de forma a possibilitar a exploração do espaço. Por sua vez a predominância do branco reforça essa homogeneidade, que é quebrada com a introdução da madeira nas carpintarias e da pedra natural em verde Guatemala, que conferem ao espaço simplicidade e nobreza. Todo o espaço foi pensado para ser explorado de várias formas, como a cama que se encontra sobre um grande alçapão para arrumações e com as mesas de cabeceira integradas. O nicho junto da cozinha oferece não só um espaço de pausa, mas também de interação com o espaço de preparação dos alimentos.
Na continuidade da bancada de cozinha temos uma mesa, que pode ser utilizada para refeições ou como espaço de trabalho. Junto dos vãos que confinam o espaço com o pátio, temos um parapeito generoso, que convida a momentos de lazer, como a leitura. O pátio recebe a luz da manhã que invade os grandes vãos confinantes. Tem o piso idêntico e a mesma cor que o espaço interior, de forma a aumentar a relação espacial entre interior e exterior e ao prolongamento do mesmo.
O projeto embora completamente transformador, procurou de forma simples e com materiais neutros, mas sofisticados, aliado ao novo volume que se estende até ao pátio, conferir contemporaneidade à sua vivência, explorando novos programas e modos de habitar o espaço. Dessa forma constroi-se o presente sem haver uma rutura com o passado.